domingo, 12 de agosto de 2007

Quanto Vale o Seu Trabalho

Por Lima Jr

Vários colegas de trabalho da minha querida terrinha me procuram para perguntar quanto devem cobrar por seus trabalhos. Particularmente gosto que tenham essa preocupação. Querer saber qual é o preço justo do serviço é não querer mais “dar” o suor do rosto, horas a fio na frente do computador, tempo de pesquisa e prática de tutoriais, dias e dias garimpando livros e apostilas, cursos caros, equipamentos idem, por preços desumanos. Aliás, acho que a maturidade profissional começa a surgir quando buscamos impor um preço que, no mínimo, torne digna a vida no mercado onde atuamos. Vou explicar o que quero dizer com “tornar digna a vida no mercado”.

Desde meus primeiros anos no ramo das artes gráficas, eu sempre desejei me profissionalizar ao máximo. Enfrentei diversos gigantes interiores. Tive que aprender, como se diz aqui no nordeste, “na taca” os valores da humildade e do cultivo de bons relacionamentos. Isso foi muito doloroso. Mas, ultimamente o que mais me angustiava era ouvir elogios do tipo “cara seu trabalho é muito bom”, “você é um profissional de primeira linha”, “você está perdido aqui nesse fim de mundo” (esse último é o mais revoltante) e descobrir que apesar de tal reconhecimento a minha receita no fim do mês não dava pra comprar um livro do ramo que não fosse dividido em três vezes. Durante muitos anos eu tive que escolher entre fazer um curso livre na minha área ou ficar dois meses sem pagar o aluguel. Gildânia, minha esposa, sorri quando eu dou esse exemplo: Cheguei a comprar uma bicicleta para ela não ter que sempre me deixar a pé (tínhamos uma moto) quando quisesse ir à casa da mãe ou resolver outra coisa. Tive que escolher a dedo um modelo bom, feminino e que coubesse no orçamento. Acabei dividindo, obrigatoriamente, em cinco parcelas. Ironicamente, no mesmo ano um cliente meu escolhia na concessionária um carro zero quilômetro para a sua esposa não ter que pegar a sua pick-up. Eu até ficaria conformado se os produtos dele não dependessem tanto de profissionais com os meus conhecimentos. Não é inveja, quero chamar a atenção é para a infrutilidade financeira do meu trabalho causado não pelo ramo em si, mas pela minha postura como profissional. Eu poderia citar vários outros exemplos dessa natureza, mas não quero tornar o texto mais extenso. Acho que já deu para entender onde quero chegar. Ter uma vida digna no mercado é poder manter e ajudar a família, ter com que investir na própria carreira, poder, quem sabe, viajar no fim do ano mesmo que seja pra rever os familiares lá em Picos (PI), tudo com a força do seu trabalho, afinal você vive disso.

Para os meus queridos colegas de profissão, acho que a primeira coisa que devem fazer antes de fixar preços é tomar uma atitude e dizer “ei, o meu trabalho também tem valor” e se especializar ao máximo. Recomendo que leiam o livro Viver de Design de Gilberto Strunck, publicado pela editora 2AB. Nele o autor compartilha um verdadeiro curso de sobrevivência principalmente se você trabalha por conta própria. Strunck fala sobre a importância do Briefing, cálculo do valor da sua hora técnica, como proteger seu trabalho entre muitas outras dicas indispensáveis. Destaco aqui a lição que eu achei a mais interessante: não se deixe especular. Muitos clientes gostam de dizer “faça para eu ver como fica, se eu escolher o seu trabalhão, aí então lhe pago”. Não faça isso. Nas palavras do próprio Strunck:

Esse tipo de relação, em que o cliente nos solicita serviços sem uma remuneração garantida, além de ser aético, é predatório e pode, a médio prazo, inviabilizar o seu negócio e o dos seus colegas.

Outra dica é dar uma olhada na tabela de preços desenvolvida pela ADEGRAF – Associação de Designers Gráficos do Distrito Federel, a mais dedicada que conheço. Adapte os preços à realidade econômica do mercado local, para isso, você pode utilizar o Critério de Classificação Econômica Brasil da ABEP - Associação de Brasileira de Empresas de Pesquisa . É importante lembrar que não basta somente sair por aí aumentando os preços. O seu trabalho deve estar à altura da profissão que escolheu, os prazos devem ser cumpridos, os retornos devem ser dados. É nesse rumo que estou andando. Boa sorte.

13 comentários:

Anônimo disse...

É muito importante que haja essa conscientização por parte dos profissionais que atuam não apenas nesta área em particular, mas em qualquer setor que não tenha o seu trabalhador relativamente reconhecido. Todo trabalho, sendo ele realizado com: honestidade, empenho e humildade; merece ter o seu valor reconhecido.

Gostei do regionalismo empregado no designe da pagina, ela traz personalidade muito bonita e idealizadora.

“Parabéns”

Anônimo disse...

Legal, gostei!!!

Anônimo disse...

Muito bom mesmo, conheço muita gente que deveria ler este artigo. Parabéns Lima!!!

Joshepy disse...

AMIGO LIMA JÚNIOR! POSSO DIZER QUE VI NASCER O PROFISSIONAL QUANDO AINDA DAVA SEUS PRIMEIROS PASSOS NO NOSSO ANTIGO SETOR DE PUBLICIDADES.

É BOM SABER QUE MAIS QUE UM BOM PROFISSIONAL VOCÊ SE TORNOU UM GRANDE HOMEM.

ESPERO QUE OUTROS PROFISSIONAIS NÃO SÓ DA SUA ÁREA + DE TODA A CLASSE DE PRESTADORES DE SERVIÇO LEIAM E PRATIQUEM ESSA IDÉIA.

PARABÉNS E BOA SORTE NO SEU TRABALHO.

CONTE COM UM AMIGO SEMPRE E QUEM SABE NUM FUTURO BEM PRÓXIMO, COM UM CLIENTE E TAMBÉM COM UM PRESTADOR DE SERVIÇO NA ÁREA DE SISTEMA DE INFORMAÇÃO.

JOSÉ ANTÔNIO
GERENTE DE PROJETOS
GRUPO NORDESTE
zeantonio@grnordeste.com.br

Anônimo disse...

Amigo Lima Júnior! Fico feliz em saber que o garoto que conheci quando ainda iniciava seus primeiros passos em designer no antigo setor de publicidade do Armazém Nordeste hoje se tornou além de um grande profissional, um grande homem.

Parabéns e boa sorte na sua caminhada.

É bom que nossos colegas prestadores de serviço além de ler sigam essa idéia construida no seu texto.

Conte sempre comigo e não desista nunca dos seus ideais.

José Antônio.
Gerente de Projetos
Grupo Nordeste
zeantonio@grnordeste.com.br

Anônimo disse...

Amigo Lima Júnior! Fico feliz em saber que o garoto que conheci quando ainda iniciava seus primeiros passos em designer no antigo setor de publicidade do Armazém Nordeste hoje se tornou além de um grande profissional, um grande homem.

Parabéns e boa sorte na sua caminhada.

É bom que nossos colegas prestadores de serviço além de ler sigam essa idéia construida no seu texto.

Conte sempre comigo e não desista nunca dos seus ideais.

José Antônio.
Gerente de Projetos
Grupo Nordeste
zeantonio@grnordeste.com.br

mariomattos disse...

Muito bom este texto de desabafo, mas weu penso que se vc não valorar o seu trabalho ninguem vai, então é claro que no inicio a humildade prevalece, mas depois de um tempo, vc tem que olhar para se e ver que vc necessita deste valor, como tudo na vida, nem td na vida que é caro é bom , mas sempre queremos se foi caro, pois é bom pagar um preço justo pelo o que realmente vale, um grande agraço

mariomattos disse...

Muito bom, humildade sempre, sei que no inicio nos sujeitamos a tudo, mas com o passar do tempo temos que nos valorar, é sempre bom pagar um preço justo por uma coisa bo, pois ai damos valor, um grande abraço

Anônimo disse...

Também creio que o profissional tem que dar mais valor ao seu trabalho. Emprenho e dedicação são chave para um trabalho bem sucedido, o melhor ainda, é quando você faz do seu trabalho um prazer, é muito bom trabalhar gostando o que faz.

Nota 10

Anônimo disse...

Esse artigo vem expor muito bem um problema comum a várias profissões, principalmente aquelas de prestação de serviços. muitas vezes você tem que correr contra o tempo para entregar um trabalho de qualidade e no prazo e não raro o cliente diz que está muito caro, "chora" para pagar o serviço e às vezes até paga com um tapinha nas costas, por que é seu conhecido e da próxima vez lhe paga, pois gostou do seu trabalho.
também acho um absurdo termos que sair de nossas raizes para buscar reconhecimento em outros lugares, uma vez que devemos preservar os valores de nossa terra, pois assim valorizaremos os nossos potenciais e só assim cresceremos como sociedade.
parabéns pelo artigo

Anônimo disse...

Caro amigo e Desinger Gráfico, não sabia desse seu talento para cronista..., Mais um ponto para o seu grandioso valor.

Vou ser redundante, da mesma forma quando falamos de amor, mas não tenho como não ser.Você antes de tudo é brasileiro e antes de ser brasileiro é picoense, e também se enquadra no poeminha "O picoense" que nos defino:

"O picoense é essa torrada,
Preparada por Deus, tostada,
A esse meu sol,
Untada a labor.

Uma das coisas que mais me gratifico, é quando eu vejo um picoense bem sucedido, e você meu nobre amigo, é um desses, pelo menos para mim, dentro de tudo que você conseguiu conquistar até hoje..., Não é do tamanho do seu talento e merecimento, mas isso o torna nobre.

Leia o texto de Cazuza " O fracasso" e você irá me entender melhor.

Anônimo disse...

Caro amigo Lima Jr,
Lhe parabenizo pelo sucesso ao qual vc merece.
Realmente nós vivemos num mundo onde é difícil as pessoas valorizarem o trabalho do outro. Todos acham que devem escolher o melhor preço e se esqueçem do principal que é a qualidade do serviço. Afinal, todo mundo tem que pagar contas de águas, luz, alimentação, lazer etc...
Abração e muito sucesso na sua carreira!
Cledimilton.

Anônimo disse...

Bom ler um artigo como este e saber que não sou o único nesse estado a pensar assim!!!
Melhor seria se muitos Empresários lessem tal artigo para que percebessem a falta de merecimento ao nosso trabalho que eles mesmos menosprezam.

Parabéns!

Danylo Santos
Diretor da Agenda de Picos
www.agendadepicos.com.br